Consagração da independência

Ao lançar nosso olhar sobre a atual situação político-social brasileira, não temos outra reação a não ser a estupefação. Realmente ficamos pasmos diante de tanta incoerência. Como se discute com tanta veemência a questão do reajuste fiscal, num momento em que o governo tem anunciado cortes de gastos, pois é óbvio que a ferida precisa ser curada, se o congresso articula uma lei que triplica o chamado Fundo Partidário, que é o dinheiro, nosso, que vai para os gastos dos partidos políticos. E o pior, não foi vetado pela Presidência da República, o que era esperado até por grupos de apoio do governo. Só para comprovar o acima exposto: a proposta inicial era de R$289,5 milhões, passou para R$867,5 milhões. Não é sem razão que o senador Alvaro Dias disse “essa é a CONSAGRAÇÃO DA INDECÊNCIA compartilhada entre executivo, legislativo e os partidos políticos, um desrespeito ao povo brasileiro”.

Se é gigante, é mesmo só pela própria natureza, que infelizmente está sendo vilipendiada, desrespeitada por quem mais precisa dela. É hora de se levantar, Brasil! Chega de ficar deitado eternamente, a eternidade é tempo de mais, mesmo para quem está em berço esplêndido. E como ser símbolo de amor eterno, um lábaro que ostentas em vez de estrelado, marcado com manchas de desrespeito, de desfaçatez, de desonra. Os teus filhos não fogem à luta, nem teme quem te adora, a própria morte. Mas morrer com motivo justo, com glória e não com bala perdida, com epidemia qualquer, com a falta de assistência, assaltados, afogados, estuprados, atropelados ou soterrados. Como disse Arnaldo Jabor, repetindo a seu pai: “MORRA PELA VERDADE, MAS NÃO VIVA PELA MENTIRA!”
Ó Brasil, florão da América, como gostaria de te ver iluminado ao sol de um mundo realmente novo. Um mundo onde a vontade popular fosse ouvida e atendida, onde o dinheiro dos impostos fosse revertido em benefício para todos, onde a vida de nossos bosques fosse preservada como habitat de seus viventes e não transformada em comércio especulativo. Onde o respeito às tradições, à justiça, à religião, às crianças e aos idosos fosse objeto de preocupação das autoridades competentes. Um mundo onde o pilar econômico fosse mediado pelo pilar social, amenizando a desigualdade social. Um mundo onde a justiça fosse desvendada para ver com clareza a realidade do homem comum. Um mundo onde fossem respeitados tanto os donos dos meios de produção, como quem efetivamente produz. Onde fosse construída a base material da sociedade numa relação harmônica entre as forças produtivas e o modo de produção.
Terra adorada entre outras mil…
quem sabe não está na hora
de pai austero, em vez
de mãe gentil?
José Moreira Filho (www.josemoreirafilho.com.br)

As faces da mentira

Existe um adágio muito conhecido que afirma: a mentira tem perna curta. Outra sabedoria popular diz que pode-se enganar todos por algum tempo ou alguns por todo o tempo, mas todos todo o tempo é impossível. E me lembro ainda de Joseph Goebbels, alemão, propagandista das doutrinas nazistas que dizia “uma mentira dita mil vezes torna-se verdade.”
Bem, essas lembranças vieram-me à cabeça, em virtude do período sócio político que atualmente vivemos no Brasil. No ano passado, durante as campanhas eleitorais, foram ditas muitas inverdades pelos então candidatos. Passadas as eleições ninguém se ateve a provar o que havia dito. Quem perdeu, por um motivo e quem ganhou, por outro. Assim, a grande maioria do povo brasileiro, que é imbuída de boa fé, ficou a ver navios por conta das faces da mentira transvestidas de verdades. E nem precisou ser repetida mil vezes…
Podemos constatar na realidade política brasileira as quatro faces definidas da mentira. A mentira branca, a benéfica, a maliciosa e a enganosa. A mentira branca seria aquela da qual usamos para poupar alguém, evitar ferir com uma verdade fria e dolorosa. Isso é tão rotineiro que às vezes elogiamos alguém apenas para ser simpático. A mentira benéfica é usada para ajudar alguém. O médico que fala de melhora e futuro ao paciente terminal, por exemplo. Por outro lado a mentira maliciosa é a verdadeira fofoca. É a invenção de uma situação para denegrir a imagem de alguém, muito comum nas campanhas eleitorais. Já a mentira enganosa é a mais perigosa, pois quem se mune dela tem o objetivo específico de prejudicar o outro, tirando vantagens para seu próprio benefício. Lembrando que essa mentira tem dois tentáculos: a ocultação e a falsificação, ambas exaustivamente usadas nas tramas políticas.
Hoje, nós brasileiros, trabalhadores, pagadores de inúmeros impostos, com residências fixas, apolíticos, ou seja, sem filiação partidária, vivendo no seio de uma família, a qual tentamos conduzir para os bons costumes e praticantes de uma religião, somos vítimas reais dessas faces da mentira, principalmente das duas últimas, que na verdade são os dois lados da mesma moeda, são as mais cruéis, e que nos ocultam tantas coisas e falseia tanto a realidade, nos deixando a mercê de um destino tão tenebroso. E quanto mais ainda não sabemos? Estamos vendo o final, o meio ou apenas a ponta do iceberg? Quanto mais suportamos, ao ligar a TV e depararmos com um escândalo novo? O que mais está oculto ou falseado?
Para grandes males, grandes remédios. Parece que é hora mesmo de usarmos com coragem e determinação o palco legítimo de nossas reivindicações – a rua!
A propósito, um desafio, como resolver a questão seguinte proposta por Santo Agostinho: “Um enfermo está em grave perigo de vida. Pergunta-me notícias de seu filho. Eu sei que este morreu. Que vou responder? Se digo a verdade o doente vai morrer ao ouvir a triste notícia. Responderei que o filho vive ou que nada sei? Mas estas duas respostas são falsas. Guardarei silêncio? E como guardá-lo se esse silêncio me vai comprometer, dando a perceber ao doente a verdade que eu desejaria ocultar? De modo que só há uma resposta verdadeira, é dizer: vosso filho morreu. Mas como dá-la se é uma verdade homicida?”
Dê sua resposta.
José Moreira Filho (www.josemoreirafilho.com.br)

O valor do dinheiro

Alguma vez você já parou pra pensar no valor que o dinheiro tem pra você? Há quem dá tanto valor ao dinheiro que quase o transforma em um deus. Daí faz o que pode e o que não pode para consegui-lo, acumulá-lo e guardá-lo o mais oculto possível, talvez até fora do país, em algum dos chamados paraísos fiscais. Essas pessoas se esquecem de que o valor do dinheiro está na troca. Não tem valor em si mesmo. Ninguém come dinheiro, ninguém veste dinheiro. Temos sempre que trocá-lo pelos bens que precisamos. Até me lembro de certa frase que ouvi: “Existem pessoas que são tão pobres que só possuem dinheiro.”
A questão é que num mundo capitalista, que tem como uma de suas características o lucro, todo o direcionamento da economia caminha nesse sentido. Portanto o consumo é que conta e o consumidor é o alvo, valendo tudo para conquistá-lo, inclusive a mentira, (propaganda enganosa). Aqui, nessa corrida desenfreada pelo lucro a ética é ferida e o consumidor prejudicado. É preciso sabedoria para entendermos que o dinheiro é importante sim, mas só enquanto me dá condições de transformá-lo em conforto, em bem estar, em qualidade de vida e até mesmo na aquisição de bens que necessito e não que apenas quero. Além disso, o valor do dinheiro deve representar valores sociais e a distribuição desses valores o mais equitativamente possível. É claro, levando-se em conta a busca, o esforço e tenacidade individuais, que no conjunto, tendo um bom direcionamento político pode render melhoria de vida para todos, propiciando a fruição do bem comum, mesmo com as resalvas capitalistas.
Outra questão que também demanda sabedoria, e dessa vez requer-se o posicionamento de quem está na liderança, é o direcionamento do modelo econômico adotado pela sociedade moderna. Esse modelo, por ter entranhado no coração da sociedade o consumismo, é deveras danoso a todos. Recentemente vi publicada uma pesquisa que concluiu: a maioria das pessoas vive para trabalhar, trabalha para ganhar dinheiro e ganha dinheiro para comprar. Ou seja, a vida está resumida em consumir. O comprar desnecessário, segundo especialistas, acaba virando uma doença, o consumismo compulsório. E nesse aspecto o mercado cumpre muito bem o seu papel de nos mostrar as delícias do conforto e as benesses do prazer. Aí é que mora o perigo, pois se eu não tenho discernimento para comprar, vou acabar me deixando envolver pelas teias do consumismo. Nesse particular a força do modernismo é muito grande e acaba nos anestesiando, tirando-nos o arbítrio e então ficamos à mercê do marketing que hoje tem um parceiro eficiente que é o crédito fácil. Inclusive uma lei tramitando agora no congresso está aumentando em 10% o crédito consignado para os aposentados e pensionistas. E os jornais já estão cheios de notícias de idosos com grande parte dos salários comprometida com empréstimos.
Quando o sentido da vida está centrada no ter, perde-se a noção do ser. E esquece-se que o nutriente do ter são bens materiais e o que sustenta o ser são os valores espirituais.
José Moreira Filho (www.josemoreirafilho.com.br)

Estrelas Cadentes

Para algum supersticioso, o momento é propício para olhar para o céu e fazer um pedido. Pois tem estrelas despencando com frequência sob os ceus planaltinos.
Como no governo anterior, quando, com menos de 4 meses de mandato muitas cadeiras do primeiro escalão foram trocadas, agora a história parece estar se repetindo. Pois três ministros já deixaram o poder, por motivos os mais diversos, talvez nunca vistos na história desse país. Pelo andar da carruagem muitos obstáculos ameaçam uma governabilidade tranquila e producente. E o maior deles parece ser a falta de transparência além da objetividade e seriedade no trato com a coisa pública.
Em se falando de ministério, sabemos que no Brasil aproxima-se de 40 o número dessas instituições, (nos países onde é praticado o liberalismo econômico o seu número médio varia entre 10 e 20.) todas sofisticadamente equipadas de material e pessoal. E o que é pior, cada governo que entra se vê “obrigado” a criar mais, e nesse momento, não leva em consideração para tal, critérios como formação adequada, competência, dedicação, nacionalismo e comprometimento, mas tão somente o critério político partidário. Precisa-se ajeitar um cargo para tal companheiro. Deve-se cumprir um compromisso de campanha com tal empreiteira. E assim a lista de “cabides” vai só aumentando. Seguindo esse fio da meada, a palavra “empreiteira” é a bola da vez.
Ainda bem que notamos a consciência política se avolumando na sociedade brasileira e a classe política se ressentindo disso. Como exemplo assistimos o manifesto apartidário do dia 15/03/2015, que colocou nas ruas mais de 2 milhões de pessoas e já com planejamento para se repetir, provavelmente com maior repercussão, no próximo dia 12/04. Alem disso temos em curso um movimento nacional de colheita de assinaturas para um projeto de lei de iniciativa popular – CORRUPÇÃO NUNCA MAIS!
Evidentemente que não é uma tarefa fácil para o atual governo, equilibrar a exigência dos cargos com o atendimento aos compromissos assumidos na campanha, uma vez que, como sabemos, foi necessária muita composição, para se chegar a uma vitória, por sinal apertada. Mas um recurso que pode aliviar a tensão do governo é, sem dúvida, o critério da tecnicidade. É uma postura democrática, pois brinda a excelência do trabalho e é simpática ao público em geral, inclusive aos adversários, que devem ver nessa atitude bom senso e coerência entre o discurso e ação. A não ser assim, se outros critérios nortearem esse preenchimento de cargos, com certeza os companheiros serão agraciados, mas o serviço público nem sempre. É verdade que, como vivemos épocas de vacas magras, a questão financeira também pesa muito na decisão do chefe do executivo, quanto à criação de cargos ou extinção dos mesmos, alem dos cortes na própria carne por exemplo.
José Moreira Filho (www.josemoreirafilho.com.br)

Artigo convidado: Hipocrisia Crônica

Seria realmente cômico, se não fosse trágico, o que o circo de Brasília tem apresentado, cada vez com maior eficiência e explicitação, ao seu (des)respeitado público. Travam disputas polêmicas nem sempre do interesse do povo, mas com certeza do interesse próprio bem como do interesse daqueles que os abastece com recursos que precisam ser lavados.

Mas o que nos deixa perplexos e inconformados, é que a grande maioria dos nossos congressistas, age como se fossem limpos, imaculados. Cada um julga seu par/adversário um corrupto, quando sabemos que os confiáveis naquele picadeiro podem ser contados nos dedos de uma mão.

O que ocorre na verdade, é que protegidos pelo manto sagrado da imunidade parlamentar, nossos representantes abusam de seus poderes e defendem seus interesses particulares sem o menor escrúpulo. Dão sempre a impressão de que estão lutando pelo bem comum, já nem se importando com o fato de parecer ser, pois já se acostumaram com o cinismo. A hipocrisia, que, em se tornando crônica, criou uma carcaça tal que os deixam inatingíveis pelas críticas. Sejam da mídia em geral, sejam de seus eleitores.

Ao chegarmos nesse estado de coisas, deve-se questionar a democracia-governo do povo. Como o nosso povo está gerindo seu destino? A vontade da maioria da população está sendo respeitada? Ou a de um grupo seleto que finge legislar para todos. E o que mais nos deixa indignados é que nessa comédia do poder, trocam-se os personagens, mas o cenário e o enredo continuam os mesmos.

Penso que muita coisa em nossa democracia precisa ser repensada. Desde o sistema político eletivo até a distribuição de renda passando pela equivalência dos três poderes. Pinçando apenas um exemplo, pergunto: Por que a existência de um Ministério da Pesca, que gasta 575 mil reais por mês, totalizando 7 milhões de reais por ano, em aluguel de um prédio espelhado de 14 andares que acomodam 374 funcionários, se nos últimos oito anos a produção de pescado ficou estacionada em 990 toneladas? Essas são as informações que nos chegam, que em sendo verídicas, é deveras lamentável. O que se espera da democracia é uma genuína representatividade popular e não a centralização e manipulação do poder por poucos.

Quantos anos mais, quantas eleições devem acontecer para que nosso quadro político-institucional amadureça e corresponda a nossas expectativas? Até quando nossos políticos vão menosprezar nossa inteligência?
Quousque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?…
José Moreira Filho (www.josemoreirafilho.com.br)

Parabéns Mulheres!

Para deixar registrado nossa homenagem a todas as mulheres:

Deus é ela

Tenho pensado que Deus não deveria ser Ele, mas Ela. Isso porque são tantos os atributos de Deus presentes na mãe que seria mais lógico pensar um Deus feminino.

Deus é amor, e o maior reflexo de amor na terra está na mãe. Deus é perdão, e a mãe defende o filho até quando criminoso. Deus corrige e educa, e a mãe desde o berço ensina o melhor caminho a seu filho. Deus não castiga, simplesmente permite a ocorrência de situações adversas a nossa vontade e que nosso conhecimento não consegue compreender, e a mãe vê o filho chorar, brigar por algo que não lhe é permitido, mas que não será para seu bem. Deus conhece seus filhos um a um, é o bom pastor, e a mãe na madrugada, no escuro, sabe qual filho está chegando em casa somente pelo jeito da entrada. Como já disse João Paulo I, o Papa-sorriso: “Deus é Pai e Mãe”. Posição reforçada por Erasmo Carlos em sua canção Feminino Coração de Deus: “O coração de Deus é feminino / É a força de toda criação / Capricho do destino, a mãe da invenção”.

E por que então nos referimos a Deus como masculino, somente como pai? Talvez a história da humanidade nos esclareça isso. A supervalorização do homem, do macho e do provedor em detrimento da valorização da mulher por séculos, com a aquiescência da igreja, vem justificar de certa forma, essa conduta. A historiografia universal foi conduzida sempre sob a ótica masculina. Em todos os fatos históricos a presença masculina é marcante. Noé construiu a Arca, Moisés conduziu seu povo, Os maiores filósofos clássicos foram Sócrates, Platão e Aristóteles, as Grandes Navegações foram feitas por homens. As Revoluções Industrial e Francesa idem.

Assim sendo parece natural que Deus seja um Homem, mas seria no mínimo justo de nossa parte, evidenciar no papel de mãe todas as características divinas. Deveríamos ter a gratidão social de reconhecer na mãe a presença de Deus e respeitá-la como tal.

É hora, portanto, de repensar essa teologia androcêntrica e perceber mais um Deus da bondade, do amor, do perdão. Um Deus protetor e carinhoso. Um Deus amigo e cúmplice .

Um Deus mãe.

José Moreira Filho – Acadêmico da ALAMI (www.josemoreirafilho.com.br)

Artigo Convidado: Expectativas e Decepções

O artigo convidado de hoje vem tratar sobre Expectativas de Decepções!

Expectativas e Decepções

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Na vida estamos sempre à mercê de expectativas e decepções. De manhã ao acordar já nos deparamos com as lembranças de fatos que deverão ou não acontecer, bem como de pessoas que nos ajudarão ou decepcionarão, e assim até o final do dia estamos agindo em função das expectativas que criamos em relação à vida. É justamente o outro lado da moeda que nos derruba, a decepção. A queda é diretamente proporcional ao tamanho da expectativa que criamos. Parece que em relação às pessoas a situação é ainda mais grave, pois enquanto contra os fatos podemos ter algum poder de minimizar o efeito com alguma desculpa qualquer, em relação às pessoas esquecemo-nos de que cada um é o que é e oferece o que tem a oferecer. Quem se nutre de inveja, rancor e ódio, não consegue oferecer atenção, carinho e amor.

A esperança dá sabor à existência, mas é perigosa se a deixamos transformar em expectativa exagerada. Por isso é tranquilo e benfazejo o amor verdadeiro, aquele que doa sem esperar retorno. Expectativas são esperas, são reações que aguardamos, das pessoas com quem convivemos, ou dos acontecimentos que nos cercam, independentes de nossa vontade. O que nos ajuda muito é checar a expectativa em relação à realidade. Será que minhas expectativas estão coerentes com a minha realidade? O que alimenta meus sonhos não serão só fantasias? Não seria utópico esse meu desejo? Uma coisa é ser realista, outra é ser extremista. A expectativa exagerada traz angústia e como nem sempre se concretiza, nos decepciona.

Outro aspecto que deve ser considerado no relacionamento humano é a comunicação. É imperioso que as pessoas com quem convivemos, principalmente aquelas mais importantes para nós, saibam dos nossos desejos. Talvez não sejamos atendidos porque não falamos. Isso nos lembra aquele casal que por 50 anos o marido sempre comeu o interior do bolo por acreditar que a esposa gostasse da beirada, só então descobriram que era o inverso. Quando esperamos uma atitude de alguém, é preciso que essa pessoa saiba disso. Nem que seja através de algum sinal, de alguma dica. Portando verbalizar as expectativas é sempre frutífero. Desejos ocultos podem levar a impulsos negativos, você corre o risco de ser avaliado pelas aparências.

Por outro lado, a consecução de nossas aspirações depende muito de nós. É preciso sair de nossa zona de conforto para amenizar o efeito danoso da frustração, pois agindo você conhece as razões pelas quais tal ambição não se concretizou. É diferente de estar esperando acontecer. Já disse tão bem Geraldo Vandré: “Quem sabe faz a hora/não espera acontecer”.

Para concluir é bom lembrar que, na vida não basta o querer, é preciso o saber, isto é, estar preparado para receber. Além de tudo nunca deixar de sonhar por medo de se decepcionar.

José Moreira Filho (www.josemoreirafilho.com.br)

Artigo Convidado: O silêncio da alma

Mais um post convidado, uma nova crônica. Espero que gostem:

O silêncio da alma

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É deveras intrigante, como cada vez mais estamos produzindo barulho. Somos fazedores de barulho o tempo todo e na mesma proporção nossa alma clama por silêncio. Andando pelas ruas nossos ouvidos captam todo tipo de ruídos, muitos, estranhos à nossa audição. E esse barulho exterior induz nosso interior a ficar em alerta constante. Tem sido comum, se observarmos os transeuntes nas ruas, percebermos pessoas, sozinhas, balbuciando palavras e até mesmo ensaiando algum gesto. É a conversa interior que não para. É o reflexo do mundo exterior que não nos permite a paz interna. Somos vítimas das cobranças, exigências, compromissos, obrigações sociais que não nos deixa espaço para o silêncio da nossa alma. Silêncio esse que é o caminho mais curto para a paz e a reflexão, fatores decisivos para que tenhamos o controle e a lógica em nossas ações e decisões no mundo exterior.

É dever nosso, para conosco mesmos, propiciar à nossa alma esses momentos de calmaria, que certamente ela os aproveitará para conectar-se com seu Criador. Isso pode acontecer no recesso do nosso lar, num templo qualquer ou numa floresta. É preciso que tomemos consciência disso e não releguemos a segundo plano essas verdades, apelidando esses cuidados de “bobagens de psicorreligiosos”. A verdade é que, embora não percebamos, em virtude do barulho e agitação à nossa volta, o nosso organismo nos envia constantemente sinais que precisam ser levados a sério e analisados. Sinais físicos, emocionais e espirituais que se bem entendidos podem nos ajudar muito em nosso comportamento. Mas para ouvi-los é necessário que nossa alma esteja em repouso. É necessário que nos desliguemos do mundo exterior e treinemos nossa mente para ouvir o silêncio. Temos notícia de que a mais bela das sinfonias de Beethoven, a 9.ª, foi composta no silêncio de sua surdez.

O que tem impedido o homem contemporâneo de praticar o silêncio interior é o número extremamente exagerado de informações que somos obrigados a decodificar diariamente, além do medo de se entregar. Pois baixar a guarda, se recolher na inércia, pode parecer ao mundo alucinante que vivemos, fracasso. E isso não é permitido a quem busca o sucesso e a glória.

Como diz o Dr. Augusto Cury, nossa sociedade está padecendo da Síndrome do Pensamento Acelerado – SPA, que só em São Paulo já atinge 25% da população. Então nos parece que, viver numa aldeia de cimento, à sombra de arranha céus, destoa totalmente de vida saudável. A menos que tenhamos a sabedoria de nos proteger de tão maléficas influências.

Assim, cabe a nós e somente a nós, a opção de ser feliz ou de se deixar engolir pelas exigências modernas. Só não podemos nos esquecer que, nós não somos o conjunto do que temos, mas o somatório de tudo que somos.

José Moreira Filho (www.josemoreirafilho.com.br)

Artigo Convidado: Mudanças

Hoje publico aqui um artigo escrito pelo escritor tijucano José Moreira Filho. Ele escreve semanalmente no jornal da cidade de Ituiutaba. Bem interessante:

Mudanças

changes

Embora muitas vezes não queiramos ou nem percebamos, mas as mudanças existem e devem mesmo existir para acompanhar a própria lógica da vida. O homem realizado, ou que se diz realizado, na verdade está morto. Está morto para a dinâmica da vida. Se o mundo está em constante transformação, tanto social, geográfica ou espiritualmente, e se eu sou um ser social engajado historicamente, são inevitáveis as minhas mudanças pessoais.

O que me convém então é uma questão de definição, devo definir eficientemente a minha trajetória, o que quero da vida, levando em conta todas as mudanças exteriores e então posicionar o foco sobre essa realidade. Mas é de suma importância ter clareza nas decisões, lembrando que eu tenho o direito de errar, mas não o de desistir. Devo ter posições definidas, mas não necessariamente definitivas.

Todo empreendimento para dar certo carece de planejamento, e qual empreendimento é mais importante que a vida? E nesse sou eu que tomo as decisões, pois os riscos sou eu que corro. Sou eu que assumo o custo-benefício. Portanto é necessário um bom planejamento a curto, médio e longo prazo, precisando para isso levar em conta meu objetivo e identificar meus recursos, minhas limitações e minha satisfação. Depois, é pisar firme no chão sonhando com o possível. Assim, no decorrer do percurso vou ajustando meu foco, mudando-o sempre que necessário e possível, lembrando que decepções e perdas fazem parte dessa trajetória. Adequar-me conscientemente às mudanças não quer dizer ser como a folha da bananeira que pende para onde sopra o vento, mas como o girassol que muda sua posição focado na luz.

Talvez não possa interferir nas mudanças ocorridas no mundo, mas posso mudar minha ótica de encará-las, pois na realidade, o mundo é para mim como eu o vejo. E quando os resultados da vida não tem sido satisfatórios, quando não estão me deixando feliz, talvez seja o momento de mudar o foco. Não me esquecendo de que o pensamento é energia que gera ação, portanto, pensar com convicção em conseguir determinado objetivo, é meio caminho andado para o sucesso. Já diziam os antigos: cuidado com o que queres, pois é o que terás.

Nessa reflexão ainda nos é dado considerar que não somos uma ilha, nossas ações estão sempre interligadas com a sociedade em que vivemos, portanto nossa ação pressupõe sempre uma reação e é nesse convívio que surge tantos desencontros, embora a vida seja “arte do encontro” como diz o poetinha no Samba da Bênção. Mas também é o momento de seguirmos o exemplo do café que, ao ser submetido a uma água fervente, transforma-se em algo delicioso com um aroma singular.

Além de tudo não se deve mudar aleatoriamente, deve-se ter certeza da direção da mudança. É preciso conhecer o vento para direcionar as velas. É preciso conhecer o passado para viver o presente. E principalmente, é preciso conhecer a alma para saber o céu que ela merece.

José Moreira Filho (www.josemoreirafilho.com.br)