Consagração da independência

Ao lançar nosso olhar sobre a atual situação político-social brasileira, não temos outra reação a não ser a estupefação. Realmente ficamos pasmos diante de tanta incoerência. Como se discute com tanta veemência a questão do reajuste fiscal, num momento em que o governo tem anunciado cortes de gastos, pois é óbvio que a ferida precisa ser curada, se o congresso articula uma lei que triplica o chamado Fundo Partidário, que é o dinheiro, nosso, que vai para os gastos dos partidos políticos. E o pior, não foi vetado pela Presidência da República, o que era esperado até por grupos de apoio do governo. Só para comprovar o acima exposto: a proposta inicial era de R$289,5 milhões, passou para R$867,5 milhões. Não é sem razão que o senador Alvaro Dias disse “essa é a CONSAGRAÇÃO DA INDECÊNCIA compartilhada entre executivo, legislativo e os partidos políticos, um desrespeito ao povo brasileiro”.

Se é gigante, é mesmo só pela própria natureza, que infelizmente está sendo vilipendiada, desrespeitada por quem mais precisa dela. É hora de se levantar, Brasil! Chega de ficar deitado eternamente, a eternidade é tempo de mais, mesmo para quem está em berço esplêndido. E como ser símbolo de amor eterno, um lábaro que ostentas em vez de estrelado, marcado com manchas de desrespeito, de desfaçatez, de desonra. Os teus filhos não fogem à luta, nem teme quem te adora, a própria morte. Mas morrer com motivo justo, com glória e não com bala perdida, com epidemia qualquer, com a falta de assistência, assaltados, afogados, estuprados, atropelados ou soterrados. Como disse Arnaldo Jabor, repetindo a seu pai: “MORRA PELA VERDADE, MAS NÃO VIVA PELA MENTIRA!”
Ó Brasil, florão da América, como gostaria de te ver iluminado ao sol de um mundo realmente novo. Um mundo onde a vontade popular fosse ouvida e atendida, onde o dinheiro dos impostos fosse revertido em benefício para todos, onde a vida de nossos bosques fosse preservada como habitat de seus viventes e não transformada em comércio especulativo. Onde o respeito às tradições, à justiça, à religião, às crianças e aos idosos fosse objeto de preocupação das autoridades competentes. Um mundo onde o pilar econômico fosse mediado pelo pilar social, amenizando a desigualdade social. Um mundo onde a justiça fosse desvendada para ver com clareza a realidade do homem comum. Um mundo onde fossem respeitados tanto os donos dos meios de produção, como quem efetivamente produz. Onde fosse construída a base material da sociedade numa relação harmônica entre as forças produtivas e o modo de produção.
Terra adorada entre outras mil…
quem sabe não está na hora
de pai austero, em vez
de mãe gentil?
José Moreira Filho (www.josemoreirafilho.com.br)

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